segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um mundo estranho


Ela via tudo de longe, assustada. Era tão pequena e nunca teria imaginado um mundo tão grande... E, de fato, tão estranho. Tivera que se separar de sua família, agora viajava sozinha. O vôo passava por um mar enorme, com um odor forte, parecendo café-com-leite. Ela já tinha sentido aquele cheiro antes. De longe via grãos brancos. “O Pão de Açúcar!”, imaginou, radiante. Ela afinal era do Rio de Janeiro e nunca conhecera o tal pão, só ouvira falar. Perto dele, um amontoado de formas e cores que lembravam frutas, na paisagem longínqua. Um quadro, talvez. Mas era tudo real. Continuou observando o cenário, porém, estava com fome. Tudo aquilo parecia um monte de comidinhas, será que eram de verdade? Queria chegar logo a seu destino, voar cansava muito.

- Plaft! – ouviu-se uma batida forte em cima da mesa. O garotinho Pedro, de sete anos, acabara de esmagar o inseto repugnante. Queria tomar seu café-da-manhã tranqüilo. Ele olhou sua mão e lá estava a mosca quase morta, o sangue escuro e as perninhas ainda mexendo, agonizando. “Tão minúsculo. Ah, esse bicho deve imaginar é coisa”, pensou.

Um comentário:

Caio Rudá de Oliveira disse...

Rapaz, se fosse você daria seguimento na escrita. Tens o talento...

Belo conto. O mais impossível não acho nem que seja a mosca pensar tanta coisa, mas o menino conseguir acertá-la, a menos que ele seja o Chuck Norris quando guri :D